As pessoas me perguntam o porquê de não estar tocando, o porquê de não estar compondo, o porquê do meu silêncio, e isso já tem algum tempo. Já tem algum tempo que não executo notas com precisão, que não faço música e não toco "corações" como deveria.
Os motivos? Minha música é reflexo de minha vida. Estou tocando pausas. As pausas são as melhores notas, são vazios, são espaços, ausência de som... Em outras palavras, as pausas são necessidades. Precisamos do silêncio, do espaço, para valorizarmos a nota, o som.
Se minha música é minha vida, então minhas notas são partes de mim. Como irei cantar se meu momento pede pausas? Talvez a melhor forma de expressar meu momento são as duas letras que deixo a seguir:
Em mim primeiro
(CD Nós - Banda Taus)
Já faz tempo que eu não pego o violão
E canto pra você uma canção, que nunca se cantou
Que te fale com clareza como estou
Mostrando a ti toda a minha dor,
aquela que conheces bem
Se meu canto não faz algo em mim primeiro
De que vale essa vontade de cantar
A nossa força está naquilo que vivemos
Deixe que a vida chegue junto pra cantar
Pra cantar temos que dar todo louvor
Olhar nos olhos de nosso Senhor, nos fazer reconhecer
Sentir que ele nos conhece é bom demais
Que nos estende a mão nos faz capaz,
de cantar com o coração
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Sangrando
(Gonzaguinha)
Quando eu soltar a minha voz
Por favor entenda que palavra por palavra
Eis aqui uma pessoa se entregando
Coração na boca, peito aberto
Vou sangrando
São as lutas dessa nossa vida
Que eu estou cantando
Quando eu abrir a minha garganta
Essa força tanta
Tudo que você ouvir esteja certa
Que estarei vivendo
Veja o brilho dos meus olhos
E o tremor nas minhas mãos
E o meu corpo tão suado
Transbordando toda raça e emoção
E se eu chorar
E o sal molhar o meu sorriso
Não se espante
Cante que o teu canto
É minha força pra cantar
Quando eu soltar a minha voz
Por favor entenda
É apenas o meu jeito de viver
O que é amar
Engraçado, né! Já ouvi dizer que pelo simples fato da música ser de alguém não religioso, quer dizer que não é de Deus. Me respondam se o dom escolhe o dono em que virá.
Oras! Se o dom da arte nos traz reflexão de vida, se o que ouvimos melhor expressa nosso sentimento, porquê não cantar também? "Se meu canto não faz algo em mim primeiro, de que vale essa vontade de cantar"?
"Quando eu soltar a minha voz, por favor entenda. É apenas o meu jeito de viver o que é amar".